segunda-feira, 3 de outubro de 2011



Variações do curimbó à guitarra na Black Soul Samba



Na semana do Círio de Nazaré, a Black Soul Samba traz a sonoridade rítmica do grupo Mundé Qultural que vem de Icoaraci para saudar os visitantes de Belém. A homenagem para a Virgem é nesta sexta, dia 07, no Palafita.





Existe o pau e corda, mas também existe a guitarra. Existe o carimbó, mas também tem a guitarrada, o retumbão, o samba-de-cacete, o semambê, lundu, mazurka, aguerê. Experimentações sonoras e variações harmônicas dão vida ao grupo Mundé Cultural, que nesta sexta, dia 07, leva o brilho e batidas de sua música independente ao palco na Black Soul Samba, no bar Palafita.



Vindo de Icoaraci, o grupo nasceu no cenário do Espaço Cultural Coisas de Negro, em 2003. Sua principal atuação é criar novas maneiras de se fazer e pensar a música independente e autoral, através de ritmos que tem como base o curimbó, famoso tambor feito de tronco escavado e encourado em uma das extremidades, tocado com as mãos espalmadas (slaps), alinhado a uma cozinha de percussão com caixa, caixa de marabaixo, bongô, pratos, pandeiro e efeitos sonoros, como apitos, sons orgânicos que semiotizam a natureza.



De acordo com Clever dos Santos, um dos fundadores do grupo, a harmonização do grupo é conduzida por cordas: como a guitarra, guitarra baiana (pau – elétrico) e baixo elétrico, o que “possibilita ao ouvinte uma sonoridade única de guitarra + baixo + bateria + vozes”, explica. Segundo ele, as letras 100 % autorais do Mundé “possuem um poder imagético as quais traduzem atmosferas ambientais de mata e personagens da vida real - não alheios - ao nosso mundo como postais vivos do cotidiano caboclo, ribeirinho, suas crenças, suas lendas, seus costumes, suas tecnologias”.





Pesquisas, personagens e musicalidade



“Povo da mata dê licença / pra que eu possa adentrar / a natureza é muito farta / você só tem que preservar”. A letra de Nego Ray, fala da natureza, mas ainda têm aquelas que fazem denúncia de depredação do ambiente, como “navio mercante passando em gente / levando a Amazônia da gente”; e personagens da vida real, “chegança cabocla remando ao luar / tocamos maracás /anunciando a marujada”, a Dona Maria “pessoa importante no cenário musical / na culinária nem se fala em se tratando do Mingau”



Segundo Clever, essas personagens em sua maioria, são oriundas das vivencias de Nego Ray pelo interior do estado ministrando oficinas de construções instrumentos de percussão e de ritmos, o qual é a voz e o compositor principal do grupo.



O nome Mundé / Mondé, vem da tribo tupi que habita as margens do Alto Rio Machado / Rodônia, e pertence ao corredor etnoambiental mondé – kwuriba ou caribe. Mundé é ainda a palavra do tupy “local onde os homens se encontram pra fazer instrumentos de caça e pesca e falar sobre o dia”. Mundé é também o nome dado a uma armadilha para caçar pequenos animais, feita de cipó e vara a qual é dito que “quando não mata, aleija.”

O grupo Mundé Qultural é formado por

· Nego Ray /// composição, curimbó, pandeiro, voz

· Welton Ferreira /// percuteria

· Clever dos Santos /// maracás, efeitos sonoros, voz

· Ney Lima /// curimbó, pandeiro, voz

· Luizinho Lins /// guitarra baiana, voz

· Jorge Furtado /// Guitarra, voz

· Anderson Salgado /// Baixo elétrico



Todos pesquisadores são autodidatas das sonoridades regionais. O Mundé Qultuaral já participou de vários festivais e mostras de música independente, como Festival cultura de Verão (2005 - na Ilha de Maiandeua/Algodoal); Fórum Social Mundial (2009 Belém-Pa); Puxirun Cultural / 2010; IDEA 2010 e Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação /UFPa / 2011.



“Esperamos que o público goste e prestigie o som, que promete ser muito bom. Icoaraci e Belém, como um todo, gostam do Mundé Qultural e vão curtir, tenho certeza. Acabamos de ensaiar e é certo que a sonoridade do grupo se torna cada vez mais poderosa, todos perceberão elementos do reggae e samba de cacete em músicas como Chegança Cabocla, Tambor e Capitão do Mato”, diz Nego Ray, vocalista e compositor do Mundé Qultural.



Clever também explica que o “q” no nome do grupo, é uma forma gráfica de interferir no que é natural. Para ele “a nossa maior riqueza, a diversidade cultural, é como pólen que se desprega das flores, flutua, dança nas mãos do vento e que ninguém pode prever o alcance de sua fecundação, pois nosso Mundé é Qultural”.



Além do Mundé, a Black conta ainda com seus DJ’s residentes, Eddie Pereira, Fernando Wanzeler, Homero da Cuíca, Kauê Almeida e Uirá Seidl, revezando as pic ups e sonoridades, com muito samba, soul e música negra.





Serviço

Mundé Qultural na Black Soul Samba

Quando: Sexta, 07 de outubro de 2011 – 21h

Onde: Bar Palafita – Rua Siqueira Mendes, Cidade Velha, ao lado do Píer das 11 Janelas

Quanto: R$10,00, sendo que as primeiras 50 pessoas pagam a metade.

Informações: (91) 8413 0861

Contatos para imprensa: (91) 8190 8270 / 8889 3639 e danifrancopa@gmail.com

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