sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Black Soul Samba celebra os 50 anos de carreira de Gal Costa



O ano de 2017 iniciou com a potente presença de Gal Costa em Belém, trazendo um show repleto de canções icônicas que abriram portas em momentos da história social e musical brasileira. “Vaca Profana”, “Mal Secreto”, “Acauã” e “Sem Medo Nem Esperança” foram algumas das músicas presentes no repertório dessa baiana que é uma das grandes vozes não apenas da Música Popular Brasileira, mas – e talvez principalmente – da contracultura. Agora, no finalzinho deste mesmo ano, um de seus discos mais importantes, “Fatal”, chega aos 46 anos de lançamento num momento em que a historiografia sócio-política do país se vê mergulhada em novo ponto de ebulição.
        
         Nascida Maria da Graça Costa, em Salvador, no ano de 1945, Gal Costa teve sua carreira influenciada por João Gilberto para logo se unir aos  amigos Caetano Veloso e Gilberto Gil, e conjunto à  nomes como Tom Zé, possibilitar uma verdadeira revolução na música brasileira, com o Movimento Tropicalista, a partir de 1967, e atingindo seu auge em 1968, com o disco "Tropicália ou panis et circensis”.

         Mesmo com o Movimento enfraquecido pela Repressão, Gal continuou sendo uma artista livre e revolucionária, com uma obra extremamente bem conduzida, nos premiando com diversos discos clásicos, tais como: "Gal Legal" (1969), Índia (73), Cantar (74), Gal Canta Caymmi (76 - com produção de João Donato) e outros álbuns marcantes. O álbum duplo “Fatal”foi considerado um marco na sua na carreira que contou com uma performance incendiária, tornando o disco venerado em todo o mundo.

            O show preparado pelo Coletivo Black Soul Samba traz à frente a paraense Joelma Kláudia, interpretando as músicas do “Fa-tal”, um disco que vai da poética e transmutante “Luz do Sol” ao cancioneiro desesperador marcado por “Vapor Barato” e “Hotel das Estrelas”, passando pelas clássicas do movimento tropicalista como “Dê um rolê”, dentre outras das 19 músicas presentes nos 4 lados do disco, originalmente apresentado como álbum duplo.

Noite abre com a revolução feminina do carimbó libertário

         “O novo mundo que a gente sonha é feito agora. É feito aqui. É no cruzamento das vias que nossos pés percorrem. É na ocupação útil e humana do nosso tempo. É na ruptura dos vícios. É no encontro transformador. É na indignação direcionada contra os valores do velho modelo conservador e retrógrado. E na ruptura da opressão e exploração”. É assim, com a palavra afiada em riste que a vocalista do grupo “Cobra Venenosa”, Priscila Duque, define a atuação do grupo, mostrando que em conjunto ao pau e corda de seu carimbó há a resistência negral e cultural, o feminismo e a poesia.

         A participação do grupo no mesmo dia da noite “Gal – Fatal” não é à toa e nem desconexa. Priscila conta que ficou muito feliz com o convite para abrir essa noite pois, segundo ela, mulheres como Elza Soaraes, Elis Regina, Maria Bethânia e Gal Costa lhe são grande inspiração. “Acho que o Cobra, guardadas as diferenças históricas, traz um conceito de liberdade e intervenção poética, filosófica e social, é jovem com pé na tradição, é novo mas traz a raiz pulsando nos tambores e arranjos poéticos. Tipo o que o Chico Science disse: ‘modernizar o passado é uma revolução musical’”, esclarece a vocalista que também é jornalista e cientista política e coloca as questões socais e humanitárias como um dos balizadores dessa poética do grupo.

         A noite de celebração ao Tropicalismo Fatal de Gal Costa terá ainda a presença dos DJ’S  do Coletivo Black Soul Samba: Uirá Seidl, Kauê Almeida, Fernando Wanzeler e Eddie Pereira. A festa começa às 21h.

Serviço
Homenagem a Gal Costa com show de Joelma Kláudia na Black Soul Samba
Abertura com o Grupo Cobra Venenosa
Quando: Sexta-feira, 10 de novembro de 2017
Local: Bar Palafita – Rua Siqueira Mendes, 134, Cidade Velha
Ingressos: R$20,00
Informações gerais: (91) 98362 1793
Informações e entrevistas para imprensa: (91) 98425 6171 || 98190 8270


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