O ano de
2017 iniciou com a potente presença de Gal Costa em Belém, trazendo um show
repleto de canções icônicas que abriram portas em momentos da história social e
musical brasileira. “Vaca Profana”, “Mal Secreto”, “Acauã” e “Sem Medo Nem
Esperança” foram algumas das músicas presentes no repertório dessa baiana que é
uma das grandes vozes não apenas da Música Popular Brasileira, mas – e talvez
principalmente – da contracultura. Agora, no finalzinho deste mesmo ano, um de
seus discos mais importantes, “Fatal”, chega aos 46 anos de lançamento num
momento em que a historiografia sócio-política do país se vê mergulhada em novo
ponto de ebulição.
Nascida Maria da
Graça Costa, em Salvador, no ano de 1945, Gal Costa teve sua carreira
influenciada por João Gilberto para logo se unir aos amigos Caetano Veloso e Gilberto Gil, e
conjunto à nomes como Tom Zé,
possibilitar uma verdadeira revolução na música brasileira, com o Movimento
Tropicalista, a partir de 1967, e atingindo seu auge em 1968, com o disco
"Tropicália ou panis et circensis”.
Mesmo com o Movimento enfraquecido pela Repressão, Gal continuou sendo uma artista livre e revolucionária, com uma obra extremamente bem conduzida, nos premiando com diversos discos clásicos, tais como: "Gal Legal" (1969), Índia (73), Cantar (74), Gal Canta Caymmi (76 - com produção de João Donato) e outros álbuns marcantes. O álbum duplo “Fatal”foi considerado um marco na sua na carreira que contou com uma performance incendiária, tornando o disco venerado em todo o mundo.
O show preparado pelo
Coletivo Black Soul Samba traz à frente a paraense Joelma Kláudia,
interpretando as músicas do “Fa-tal”, um disco que vai da poética e
transmutante “Luz do Sol” ao cancioneiro desesperador marcado por “Vapor
Barato” e “Hotel das Estrelas”, passando pelas clássicas do movimento
tropicalista como “Dê um rolê”, dentre outras das 19 músicas presentes nos 4
lados do disco, originalmente apresentado como álbum duplo.
Noite abre com a revolução feminina do carimbó libertário
“O novo mundo que a
gente sonha é feito agora. É feito aqui. É no cruzamento das vias que nossos
pés percorrem. É na ocupação útil e humana do nosso tempo. É na ruptura dos
vícios. É no encontro transformador. É na indignação direcionada contra os
valores do velho modelo conservador e retrógrado. E na ruptura da opressão e
exploração”. É assim, com a palavra afiada em riste que a vocalista do grupo
“Cobra Venenosa”, Priscila Duque, define a atuação do grupo, mostrando que em conjunto
ao pau e corda de seu carimbó há a resistência negral e cultural, o feminismo e
a poesia.
A participação do grupo no mesmo dia da
noite “Gal – Fatal” não é à toa e nem desconexa. Priscila conta que ficou muito
feliz com o convite para abrir essa noite pois, segundo ela, mulheres como Elza
Soaraes, Elis Regina, Maria Bethânia e Gal Costa lhe são grande inspiração.
“Acho que o Cobra, guardadas as diferenças históricas, traz um conceito de
liberdade e intervenção poética, filosófica e social, é jovem com pé na
tradição, é novo mas traz a raiz pulsando nos tambores e arranjos poéticos.
Tipo o que o Chico Science disse: ‘modernizar o passado é uma revolução
musical’”, esclarece a vocalista que também é jornalista e cientista política e
coloca as questões socais e humanitárias como um dos balizadores dessa poética
do grupo.
A noite de
celebração ao Tropicalismo Fatal de Gal Costa terá ainda a presença dos
DJ’S do Coletivo Black Soul Samba: Uirá
Seidl, Kauê Almeida, Fernando Wanzeler e Eddie Pereira. A festa começa às 21h.
Serviço
Homenagem a Gal Costa com show de Joelma Kláudia na Black Soul
Samba
Abertura com o Grupo Cobra
Venenosa
Quando: Sexta-feira, 10 de
novembro de 2017
Local: Bar Palafita – Rua
Siqueira Mendes, 134, Cidade Velha
Ingressos: R$20,00
Informações gerais: (91)
98362 1793
Informações e entrevistas para
imprensa: (91) 98425 6171 || 98190 8270
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