quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Entre o mangue e o asfalto da cidade de Recife, entre o hip hop e o maracatu, Chico Science sacudiu a música pop nacional na década de 90 e, com apenas dois discos, entrou para a história da MPB cantando rock com sotaque nordestino, misturando guitarra e frevo.
Morto há 14 anos num acidente de carro na estrada entre Recife e Olinda, o líder da banda Nação Zumbi deixou um legado vigoroso que reivindicava o resgate da identidade nacional num cenário já defasado de rock oitentista. O ânimo novo veio do nordeste, do coco, do batuque. Para além do regional, todas as cores do carnaval pernambucano ganharam outras silhuetas ao se encontrarem com o ska, rap e rock.
“O álbum Da Lama Ao Caos, a estreia do Nação Zumbi, é um novo clássico, e poucos discos nos últimos 30 anos merecem essa alcunha”, defende Uirá Seidl, DJ da Black Soul Samba, coletivo dedicado à pesquisa da música negra brasileira e que, hoje, promete homenagear em grande estilo o criador do mangue beat.
O tributo a Chico Science irá reunir no Palafita a banda paraense Cocota da Ortega e o repente de uma das principais revelações na música brasileira, o cearense Rapadura Xique Chico. “Rapper é quem faz apenas rap. Não me defino como rapper porque não faço apenas rap, faço repente”, diz Francisco Igor de Almeida dos Santos. Atuante do movimento hip hop, Chico foi o grande vencedor do Prêmio Cultura Hip Hop Preto Ghoés, em 2010. Elogiado por personalidades como Lenine, MV Bill, Marcelo D2 e Happin Hood, entre outros, Chico vem consolidando seu trabalho inovador na cena do país.
De acordo com o escritor Ferrez, Rapadura Xique Chico é “tudo que existe de moderno e autêntico na nova música brasileira”. Pela primeira vez em Belém, o rapper preparou um set temático para abrir a noite com músicas de Science trabalhadas especialmente para abrir a festa.
No palco, o Cocota de Ortega traz um batuque que vai do carimbó ao mangue. “Demoramos para achar uma banda que topasse embarcar nessa, mas o Cocota preparou um show especial, com onze músicas do Chico Science. Vai ser o que eles chamam de ‘mararimbó’: maracatu com carimbó”, adianta Seidl.
Na estrada desde 2009, a banda é formada por Bruno na voz e percussão, Romário na voz e guitarra, Joel no backing vocal e contra-baixo, e mais Felipe, Denis e Alexandre no backing vocal e percussão. Cocota de Ortega tem seu nome como homenagem ao caboclo “presepeiro” que ri da própria desgraça porque sabe que a vida é um jogo, mas é bela de qualquer jeito.
Além dos shows do Cocota de Ortega e Rapadura Xique Chico, os DJs residentes Kauê Almeida, Homero da Cuíca, Uirá Seild, Fernando Wanzeller e Eddie Pereira, também prestam suas homenagens se revezando nas pick up’s das pistas da Black Soul Samba. (Diário do Pará)
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