Aniversário
de 45 anos do movimento será marcado com show de Rande Frank, Patrícia Rabelo e
banda num dueto na Black Soul Samba desta sexta, 09 de novembro.
Imagine que você está em 1967, onde o Brasil respira sob a
sentinela da ditadura do militar general Castelo Branco, e na TV um grupo de
músicos com uma cantora vestida de noiva cantava a história de um domingo no
parque, com direito a vertigem da roda gigante. Este foi o cenário onde se instalou
o Movimento Tropicalista, vanguarda que mudou completamente os rumos da música
brasileira, influenciando gerações de artistas e pensadores e que se mostra cada
vez mais contemporânea.
A apresentação de Gilberto Gil e os Mutantes cantando “Domingo no
Parque” no Festival da Canção da Record, de 67, é o marco de todo o movimento
que teve seu nome inspirado na obra do artista plástico Hélio Oiticica:
“Tropicália”, exposta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no mesmo ano. O balaio tinha Caetano Veloso como um de seus
principais pensadores e trazia ainda Tom Zé, Rogério Duprat, Gal Costa,
Torquato Neto, Nara Leão e Jorge Mautner; até mesmo Glauber Rocha com seu
cinema novo estava arrolado ao movimento. Era a nova cara de um Brasil que
nunca foi tão moderno.
Dessa modernidade pós bossa-novistas, outros dois grupos
importantes : “Os Novos Baianos” e sua vida em comunidade, e os “Secos e
Molhados” com suas fantasias e pinturas lideradas por Ney Matogrosso, são crias
diretas da Tropicália, ainda nos anos 70. “Acho que sou um resultado do
Tropicalismo, porque vim depois, em 1973, e aquilo já tinha mexido com a minha
cabeça de tal maneira, que penso que ousei me expor tanto quanto me expus,
porque o Tropicalismo me incitou.” Declarou Ney em entrevista recente à revista
Rolling Stone.
Rande Frank na Black Soul Samba |
A força do movimento continuou ainda bem depois. Para o músico
paraense Rande Frank a resposta o movimento se estendeu de forma tal, chegando
a influenciar Chico Science e Nação nos anos 90, entre outros. Para ele a
tropicália “veio pra pontuar um momento na música brasileira, que até então era muito careta”, afirma
dizendo ainda que o “Tropicalismo não se diluiu porque não era moda, não era a
roupa, era a riqueza musical que ainda está aí. Músicos da MPB, como a Marisa
Monte e até os Mamonas Assassina, têm a essência do movimento. ”, acredita.
E são com os acordes dissonantes da tropicália que o músico vai
subir ao palco, dividindo-o com a cantora Patrícia Rabelo. A dupla se reúne
pela primeira vez, compartilhando um show inédito, especialmente para o projeto
“O Som da Tropicália – 45 Anos” que a Black Soul Samba leva ao Palafita, nesta
sexta, 09. Além da dupla encenando as canções, a casa terá ainda cenário
especial de Aldo Paz, inspirado no próprio Hélio e em todo o movimento, dando
tons de tecnicolor que a noite pede.
Rock e
música popular na carreira de Rande e Patrícia
Estreando na Black Soul Samba, Patrícia Rabelo se diz num misto
entre apreensiva e empolgada. “A força da Black é muito grande e por isso a
responsabilidade é enorme”, diz. Patrícia fez uma participação especial no show
ao aniversário de Caetano Veloso, no semestre passado. Foi a primeira vez que
ela e Rande dividiram uma música. Agora a dupla compartilha todo um repertório,
com arranjos completamente novos para canções marcantes como “Objeto Não
Identificado”, “Cinema Olympia”, eternizadas na versão de Gal Costa; “A Menina
Dança” dos Novos Baianos, “Brigitte Bardot”, de Tom Zé; “Minha Menina”, dos
Mutantes; e muitas outras. “ Cada um vai cantar uma música, ninguém sai do
palco e tem momentos em que cantamos juntos. Nós vamos brincar bastante ”,
avisa Patrícia.
Premiada em diversos festivais por todo o Brasil, Patrícia Rabelo
já abriu o show do cantor Lenine, no Festival de Garanhuns em Pernambuco, além
de ter sido eleita a melhor intérprete em vários outros festivais no Pará,
Amazonas, Rio de Janeiro e tantos mais.
Suas incursões pela música popular a levaram a tomar frente do
trabalho com a Banda Fênix no início dos anos 2000. Atualmente a cantora vem se
apresentando em bares de Belém, além de participar de espetáculos em teatros
como o Margarida Schivasappa e o Teatro da Paz.
A parceria com Rande Frank é um novo momento em sua carreira.
Com 20 anos de carreira, Rande vem caminhando contra o vento, como
ator, cantor e compositor, desde os anos 90. Como vocalista, participou de
diversas bandas, dentre as quais as extintas “Arcano 19”, “A Decrépita” e a
mais recente “Xamã”. Produziu, gravou as vozes e mixou 12 canções do compositor
paraense Buscapé Blues e as apresentou ao vivo em shows itinerantes dentro de
um ônibus-palco, que cruzou a capital carioca com a banda”'Xuxu e As Kaveiras
Barrocas”, com quem também se apresentou no Rock in Rio, no início dos anos
2000. Mas foi liderando os vocais da Banda “Xamã” que se popularizou com sua
voz e performance eufóricas, eletrizando as plateias roqueiras e uma nascente
tribo regueira que surgiu no fim de 2006 no cenário musical de Belém.
Aliado a boa energia do carismático Rande e da bela voz de
Patrícia, estão ainda os músicos Guibson Landim na guitarra e arranjos, Paulo
Lavareda no baixo, Willy Benitez na bateria e Veldo na percussão. Segundo
Rande: “A Black é a cara da tropicália. Não tinha outro lugar pra fazer esse
show se não fosse com a Black Soul Samba. Tenho certeza que vai ser ‘lindão’ ”.
E para não deixar cair o andamento, os demais elementos da
modernidade da tropicália passam ainda pelos sets dos DJs Uirá Seidl, Kauê
Almeida, Fernando Wanzeler, Homero da Cuíca e Eddie Pereira, que levam todas as
cores da brasilidade tropicalista às pistas da Black Soul Samba.
Serviço
“O Som da
Tropicália – 45 anos” com Rande Frank, Patrícia Rabelo e banda
Nesta
sexta, 09 de novembro de 2012, a partir das 21h, no Bar Palafita (Rua
Siqueira Mendes, ao lado do Píer das 11 Janelas, na Cidade Velha)
Ingressos:
R$10,00
Informações:
Produção: (91)
8413 0861
Imprensa: (91)
8190 8270
Escute a
Black na Rádio: Unama FM 105.5 – Toda quarta, 21h, com reprise aos sábados, 22h
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